Não há diferença entre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB). Essas vogais, mesmo que sejam representadas por o ou e seguidos de vogal, podem articular-se ora como [u] e [i], formando hiato com a vogal subsequente, ora como semivogais, formando ditongo com essa vogal (por exemplo, [wa] ou [ja]).
Antenor Nascentes, num estudo datado de 19581, afirma que «no hiato oa o o se apresenta reduzido: voar (vuar), Joaquim (Juaquim)»; quanto a <ea> e <eo>, «o e se apresenta reduzido»: passear (passiar), Teodora (tiodora). Os exemplos de Nascentes mostram que, mesmo postulando /o/ e /e/ fonológicos, não há diferença entre o português europeu (PE) e o português do Brasil (PB), porque esses segmentos são realizados, respectivamente, como [u], uma vogal alta, recuada e arredondada, e como [i], uma vogal alta, não recuada e não arredondada, [i]. Estas vogais, bem como as que se escrevem com as letras u e i, tendem a ser pronunciadas como glides (ou semivogais; símbolos fonéticos: [w] e [j]) se forem seguidas de vogal, tanto em PE como em PB2, como mostram os seguintes exemplos:
(1) coar: [kuaɾ] ~ [kwaɾ]
(2) suar: [suaɾ] ~ [swaɾ]
(3) gear: [Ʒiaɾ] ~ [Ʒjaɾ]
(4) piar: [piaɾ] ~ [pjaɾ]
Sendo assim, todas as palavras que na lista em causa se escrevem com as letras o, u, e ou i seguidas de vogal se pronunciam em PE e PB tanto com hiato (normalmente em pronúncia pausada) como com ditongo crescente:
abalr[u/w]amento, abalr[u/w]ar, açafr[u/w]al, açafr[u/w]eira, acobr[i/j]ado, acr[i/j]ano, acr[i/j]anço, adr[i/j]ático, alandr[u/w]eiro, alcatr[u/w]ado, alcatr[u/w]amento, altr[u/w]ísmo, ambl[i/j]iope3, ambl[i/j]opia, ampl[i/j]ar, apadr[u/w]ou, apr[u/w]ar, apr[u/w]ou, apropr[i/j]ar, apropr[i/j]ou, arbítr[i/j]o, atr[u/w]ar, atr[u/w]ou, autodestr[u/w]í, autodestr[u/w]ição, autodestr[u/w]ir, autodestr[u/w]iu
1 Antenor Nascentes, "A Pronúncia Normal Brasileira", in Caldas Aulete, Dicionário Contemporâneo da Lingua Portuguesa, edição brasileira por Hamilcar de Garcia, Rio de Janeiro, Edirora Delta, págs. XV-XXIII.
2 Ver M.ª Helena Mira Mateus e Ernesto d´Andrade, The Phonology of Portuguese, Oxford, Oxford University Press, 2000, págs. 49/50.
3 Tem a variante amblíope (só com haito: ambl[iu]pe).