O simbolismo da cor azul está relacionado com a cor do céu. Os egípcios usavam a cor azul para estabelecerem a relação entre os faraós e a sua alegada origem divina. A cor azul foi também usada pelos reis de França para estabelecer a ligação dos reis à religião cristã. Em Portugal, como D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, era descendente dos reis de França, a primeira bandeira da monarquia portuguesa era constituída por uma cruz azul sobre fundo branco. «Possuir sangue azul» era, portanto, uma expressão simbólica, porque os cavaleiros deviam servir a religião cristã e a monarquia.
Observe-se que é tradicional relacionar a expressão em causa com a cor aparente do sangue. Como sabemos, o sangue venoso é mais escuro que o sangue arterial. Além disso, as veias apresentam um tom azulado e são mais evidentes nas pessoas de pele clara. É, pois, corrente a explicação segundo a qual a expressão «sangue azul» teria origem ibérica: os nobres não se haviam miscigenado com os conquistadores árabes e, por isso, tinham uma pele muito pálida em que sobressaíam as veias azuladas. Também há quem defenda a hipótese de este efeito ter antes uma razão social: as classes populares dos reinos ibéricos estavam expostas ao sol, porque trabalhavam no campo, enquanto a aristocracia dele se resguardava e, consequentemente, era muito mais pálida, de tal maneira, que sob a pele "translúcida" as veias pareciam azuis.
Estas hipóteses confirmam a prestígio da cor azul, mas esquecem a sua importância como símbolo de realeza e do orgulho social ou nacional: por exemplo, o azul, que era a cor tradicional da monarquia francesa, continuou a ser usada pelos franceses mesmo depois da Revolução de 1789. Em Espanha, o azul também ganhou valor, sobretudo, depois da Guerra da Sucessão de Espanha, já que a família que começou uma nova dinastia e ainda hoje detém o trono espanhol constitui um ramo dos Bourbons, que ocupavam o trono de França.