Pode considerar-se que um esquema como abac é representativo da rima cruzada. Amorim de Carvalho, no seu Tratado de Versificação (Lisboa, Centro do Livro Brasileiro, 1981, p. 84), considera que a rima é «cruzada, quando alterna com verso sem rima ou de rima diferente»; exemplo (idem):
«Porém quando mais te amo,
ó cruz do meu Senhor,
é se te encontro à tarde,
antes do Sol se pôr;1»
Alexandre Herculano
Neste exemplo, o esquema rimático é abcb, mas, à luz do critério enunciado por Amorim de Carvalho, é também legítimo aceitar abac como esquema de rima cruzada, uma vez que a rima alterna com versos sem rima (b e c).
1 A norma estipula que a preposição não se contraia com o artigo que faça parte do sujeito de uma oração de infinitivo. Observe-se, contudo, que nem sempre isso acontece nos autores clássicos.