A interpretação a dar à frase em apreço é a de que se trata de uma frase agramatical em cuja construção se registam dois lapsos, um relacionado com as formas do verbo resignar(-se), outro com a construção característica de um verbo sinónimo deste.
Como o consulente assinala, o verbo resignar pode ser:
1 – Transitivo (não pronominal) significando abandonar, desistir de, como em «O presidente resignou o cargo.» Note-se que o complemento/objecto directo pode não vir expresso: O presidente resignou.»
2 – Pronominal, significando conformar-se, aceitar. Neste caso pode ser seguido de um complemento introduzido pelas preposições:
com – Resignou-se com a situação. (A mais usual)
a – Resignou-se ao sofrimento.
em – Resignou-se em Deus.
Na expressão «resignar-se do cargo» a forma do verbo escolhida não é a adequada ao sentido que se pretende veicular. Dever-se-ia utilizar a forma não pronominal. Além disso o verbo vem seguido de um complemento introduzido pela preposição de, o que pode ser interpretado como havendo uma confusão entre a estrutura lexical de resignar e a de assistir, este, sim, a ocorrer com um complemento introduzido por de.
Em síntese, resignar um cargo significa abandonar um cargo, enquanto resignar-se com um cargo significa aceitá-lo, conformar-se com ele.