Tem carradas de razão no que diz!
Tem "razãozíssima"!, como diz o povo. Basta fazer um raciocínio de criança, para concluirmos que o plural de rádio-pirata só pode ser rádios-piratas. Então vejamos:
Suponhamos três rádios. Cada rádio é um autêntico pirata. Quantos piratas são? É claro que são três. São três piratas funcionando cada um em seu rádio. Então são três piratas. Sendo assim, só podemos dizer e escrever «três rádios-piratas».
Essa função de pirata, em vez de se exercer num rádio, pode-se exercer num homem. Se cada homem é um pirata, cada pirata é um homem. São três piratas e três homens. São, pois, «três homens-piratas», se formarmos uma só palavra.
Sendo isto raciocínio de criança, quem diz que o plural correcto é "rádios-pirata" mostra que ainda não é criança. Ainda não nasceu para o mundo — para o mundo da linguagem. Como anda a Língua Portuguesa! Até já na mente dos editores!
Reparemos no que ensina o "Curso de Língua Portuguesa" de Jorge Miguel sobre o plural dos substantivos compostos no que respeita ao caso desta consulta:
«Deve-se flexionar o termo que é susceptível de ser flexionado». E depois dá o seguinte exemplo: «Carta-bilhete — carta é um substantivo cujo plural isoladamente é cartas; bilhete é outro substantivo cujo plural isoladamente é bilhetes; então, cartas-bilhetes».
Seguidamente, apresenta exemplos de plurais, como: paredes-mestras, salvos-condutos, cirurgiões-dentistas, decretos-leis, abelhas-mestras, tenentes-coronéis, etc.
Depois, diz, no caso de se flexionar só o primeiro: «Em alguns poucos substantivos compostos, o segundo elemento dá ao primeiro uma ideia de fim, semelhança, conteúdo, como se a preposição, entre os elementos, estivesse presente: escolas-modelo, cafés-concerto, moldas-papel, navios-escola, salários-família, ervas-mate.
De facto, podemos substituir o hífen por uma preposição. E no último substantivo, por semelhantes a: «ervas semelhantes a mate». Mas são poucos os substantivos deste grupo, como diz o autor.