Respondo ponto por ponto às suas questões:
1 — São apresentados como argumentos pró-acordo em Portugal: o facto de podermos passar a ter um dicionário comum, um só texto nas instâncias internacionais, todas as variantes serem legais no universo da língua e, sem dúvida, o reforço da língua portuguesa no mundo. A unidade não impede que haja termos preferenciais nas diversas comunidades linguísticas. Sobretudo defende-se que uma mudança ortográfica não é uma mudança na língua.
2 — Os argumentos contra, além dos etimológicos na queda das consoantes mudas, são as duplas grafias que afinal diminuem a unidade, podendo trazer confusão. Há efectivamente também as objecções económicas; mas a verdade é que, sempre que a língua muda, surgem problemas económicos: as pequenas alterações às normas vigentes, como a queda dos acentos nas palavras derivadas, feita na década de setenta do século passado, obrigou a mudanças dos manuais, dos dicionários, etc.
3 — Em Portugal não me canso de mostrar que no acordo houve cedências de parte a parte. Este argumento era importante em Portugal, visto as consoantes mudas serem de utilização frequente na nossa grafia. Esta objecção, contudo, esbateu-se com o tempo.
4 — De facto, na elaboração do Vocabulário Comum previsto no Preâmbulo do acordo de 1990, é necessário que sejam ouvidos todos os países com língua oficial portuguesa, para introdução de termos específicos indispensáveis. Sublinho, no entanto, que o novo acordo, oficializando o k, o w e o y como letras da língua portuguesa, faz grande abertura a estes termos especiais.
5 — Peço que volte à minha página em «Linguística > Problemas ortográficos». Nela estão vários textos meus sobre o acordo ortográfico. Na mesma página, em «Tema actual, “A crise energética que ameaça vir mais cedo e mais dramática», faço no fim uma referência ao Brasil, que certamente gostará de ler.
Diferenças neste texto para o novo acordo
Termos para Portugal: efetivamente, atual, objeção/ões.
Para o Brasil: frequente, linguística/s.
NOTA: as duplas grafias não implicam alterações obrigatórias na escrita.