Qualquer verbo pode co-ocorrer com um sujeito oculto, excluindo apenas verbos como «haver» ou verbos meteorológicos, que ocorrem em orações sem sujeito (é de notar que a distinção tradicional entre orações com sujeitos ocultos e orações sem sujeito é altamente questionável, uma vez que dialectalmente/dialetalmente estas orações podem de facto ocorrer com sujeitos visíveis, embora sem conteúdo semântico, como na expressão «Ele há coisas...!». Assim, se considerarmos que as orações sem sujeito têm um tipo de sujeito semelhante ao sujeito oculto, podemos afirmar que este é licenciado por qualquer verbo). A gramática tradicional considera que os verbos transitivos directos/diretos não podem ocorrer com «se» impessoal (sendo que praticamente todas as ocorrências de sujeitos indeterminados coincidem com a presença deste clítico), mas esta postulação também é discutível, porque não há nenhuma razão óbvia pela qual um elemento possa funcionar como o sujeito de verbos intransitivos mas não como o de verbos transitivos.
Quanto à questão de um verbo pronominal poder ou não co-ocorrer com um «se» indeterminado, não há muita informação a este respeito. O resultado mais esperado seria talvez algo como «queixa-se-se» ou «lastima-se-se», o que é absurdo. Eu penso que, mesmo com um só «se», tal não é possível, se bem que, como disse, ninguém menciona esta possibilidade ou impossibilidade.