Os linguistas portugueses não são unânimes na questão da função sintáctica do pronome ou constituinte relativo cujo.
Lindley Cintra e Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002), quando tratam da «Função sintáctica dos pronomes relativos», consideram que «o relativo cujo funciona sempre como adjunto adnominal» (p. 345). Por sua vez, Ana Maria Brito e Inês Duarte, na reflexão que fazem sobre «os constituintes relativos e funções sintácticas que desempenham na oração a que pertencem» (Maria Helena Mira Mateus et alli, Gramática da Língua Portuguesa, 6.ª ed., Lisboa, Caminho, 2003, p. 661), concluem que «cujo marca o genitivo, ocorrendo no SN em início de relativa» (p. 664).
Já os linguistas Peres e Móia, «na falta de melhor critério terminológico» (Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1995, p. 313), atribuem ao pronome relativo cujo que inicia uma oração relativa «a função de complemento genitivo do nome» (ob. cit., p. 315), baseando-se no facto de que «este pronome, que é a versão portuguesa do genitivo de um pronome relativo latino, [está] tradicionalmente ligado, em português, a uma posição e função de constituinte genitivo» (ob. cit, p. 314).
Mas, e apesar desta designação de complemento genitivo do nome, não podemos descurar os diferentes casos em que o pronome cujo pode ocorrer: ora em SN, no início da oração/frase relativa, ora integrado num SP (sintagma preposicional), sempre que estiver precedido de preposição.
Relativamente à questão colocada – «"cujo" poderá considerar-se complemento preposicional do nome ou ainda se poderá referir como complemento determinativo?» –, importa lembrar que o pronome/constituinte cujo não pode, por si só, ter qualquer uma dessas funções. Pode, sim, fazer parte de um complemento preposicional, se for precedido de preposição. De qualquer modo, esclareça-se que, à luz da TLEBS, subdomínio sintaxe, B4.3.7.1.2, Dicionário de Terminologia Linguística em CD-ROM), uma frase introduzida só por cujo («encontrei o realizador cujo filme foi premiado…») é um complemento frásico do nome.
Caso bastante diverso de grande parte dos pronomes/constituintes relativos cuja função sintáctica não é geradora de grandes dúvidas – como é a situação do «que» –, a classificação de cujo revela-se uma questão bastante complexa.
N. E. (08/07/2024) – No Dicionário Terminológico, que desde 2009 se tornou o documento de referência para o estudo da gramática nos ensinos básico e secundário em Portugal, cujo passa a «determinante relativo» e só quanto se classifica como «quantificador relativo».