1. Segundo o Vocabulário de Rebelo Gonçalves (Coimbra, 1966), pronuncia-se: /cô-ro/ - /có-ros/, /côr-vo/ - /cór-vos/, /fôr-no/ - /fór-nos/. José Neves Henriques (Ciberdúvidas), no entanto, regista também: /cô-ro/ - /cô-ros/ numa região portuguesa. O assunto complica-se não só pelas variantes nacionais e regionais da nossa Língua mas ainda pela divergência de interpretações quanto à etimologia de certas formas do plural.
2. Como se pode ver em respostas anteriores, uma das interpretações é a seguinte: existe uma «regra» segundo a qual os substantivos e adjectivos terminados em o átono cuja tónica é o fechado, ao formarem o plural, mudam o o fechado para o aberto. As seguintes excepções, tal como /dô-no/ e /dô-nos/, têm o o fechado no plural: acordo, adorno, bojo, bolo, bolso, cachorro, coco, colmo, consolo, dorso, encosto, engodo, esgoto, estojo, ferrolho, garoto, globo, golfo, gosto, lobo, moço, morro, mosto, namoro, pescoço, piloto, piolho, poldro, polvo, potro, reboco, repolho, restolho, rolo, rosto, sopro, suborno, etc.
De acordo com o Guia Essencial da Língua Portuguesa, de Edite Estrela e J. David Pinto-Correia, a «lei» de o o fechado no singular se pronunciar com o aberto no plural provém de uma forma latina terminada em -um no singular e em -os no plural, ou seja: uma vogal fechada no primeiro caso e uma vogal aberta no segundo. Será, pois, esta vogal final, fechada no singular, que irá influenciar a vogal tónica, fechando-a, o que não acontece no plural, porque, como se referiu, a palavra latina termina em o aberto. Isto é: jogo provém da forma latina jocum e jogos de jocos, o que explica a existência de vogal tónica fechada no singular (por influência da vogal final) e de vogal tónica aberta no plural. Exemplos da aplicação desta «lei»: poço /pó-ços/, miolo, ovo, jogo, povo, osso, almoço, olho, tijolo, troco, etc.
3. Outra interpretação: segundo Teresa Álvares (Ciberdúvidas), as palavras com o na sílaba tónica seguem as «regras gerais» da formação do plural, mantendo-se a pronúncia do o (/ó/ - /ós/, /ô/ - /ôs/).
Assim: sono (/sô-no/ - /sô-nos/), acordo, rosto, copo (/có-po/ - /có-pos/), etc. Quando a palavra tem feminino e, na evolução do Latim para o Português, o o se tornou aberto na palavra feminina (ex.: /pôr-co/, /pór-ca/, o plural feminino (/pór-cas/) influencia o plural masculino (/pór-cos/), abrindo o o, que, no entanto, se mantém fechado no singular. Note-se: em /dôno/ - /dô-nos/ - /dô-nas/, o o mantém-se fechado no plural, uma vez que, no feminino singular /dô-na/, na evolução do Latim para o Português, o o se manteve fechado. Há, todavia, excepções, hoje absolutamente integradas no Português padrão: /côr-po/ - /cór-pos/, /es-fôr-ço/ - /es-fór-ços/, etc.