O plural de dono é «dônos». Mas duas explicações se me deparam:
Primeira teoria: trata-se de uma das numerosas excepções à «regra» segundo a qual os substantivos e adjectivos terminados em o átono cuja tónica é o fechado, ao formarem o plural, mudam o o fechado para o aberto. As seguintes excepções, tal como «dôno» e «dônos», têm o o fechado no plural: acordo, adorno, bojo, bolo, bolso, cachorro, coco, colmo, consolo, dorso, encosto, engodo, esgoto, estojo, ferrolho, garoto, globo, golfo, gosto, lobo, moço, morro, mosto, namoro, pescoço, piloto, piolho, poldro, polvo, potro, reboco, repolho, restolho, rolo, rosto, sopro, suborno, etc.
Segundo o Guia Essencial da Língua Portuguesa, de Edite Estrela e J. David Pinto-Correia, a «lei» de o o fechado no singular se pronunciar com o aberto no plural provém de uma forma latina terminada em -um no singular e em -os no plural, ou seja: uma vogal fechada no primeiro caso e uma vogal aberta no segundo. Será, pois, esta vogal final, fechada no singular, que irá influenciar a vogal tónica, fechando-a, o que não acontece no plural, porque, como se referiu, a palavra latina termina em o aberto. Isto é: jogo provém da forma latina jocum e jogos de jocos, o que explica a existência de vogal tónica fechada no singular (por influência da vogal final) e de vogal tónica aberta no plural. Exemplos da aplicação desta «lei»: poço («póços»), miolo, ovo, jogo, povo, osso, almoço, olho, tijolo, troco, etc.
Segunda teoria: a Drª. Teresa Álvares, antiga professora de Português, tem uma explicação diferente. Segundo ela, as palavras com o na sílaba tónica seguem as «regras gerais» da formação do plural, mantendo-se a pronúncia do o. Assim: sono («sôno», «sônos»), acordo («acôrdo», «acôrdos»), rosto («rôsto», «rôstos»), copo («cópo», «cópos»), etc. Quando a palavra tem feminino e, na evolução do Latim para o Português, o o se tornou aberto na palavra feminina (ex.: «pôrco», «pórca»), o plural feminino («pórcas») influencia o plural masculino («pórcos»), abrindo o o, que, no entanto, se mantém fechado no singular. Note-se: em «dôno»-«dônos»-«dônas», o o mantém-se fechado no plural, uma vez que, no feminino singular «dôna», na evolução do Latim para o Português, o o se manteve fechado. Há, todavia, excepções, hoje absolutamente integradas no Português padrão: «côrpo» («córpos»), «esfôrço» («esfórços»), etc.