Pelo que a consulente nos diz, é difícil perceber se "AREA" se escreve assim, em lugar de área, por negligência com as regras de acentuação gráfica do português ou se pela pretensão de sugerir sofisticação através de um nome inglês, "area" (isto é, «área»). Ter-se-á de perguntar aos proprietários da loja porque optaram por essa forma gráfica para designação comercial. No entanto, analisando simplesmente a grafia "area" e propondo uma pronúncia, temos um problema porque a ortografia vigente procura reproduzir um fenómeno fonético do português padrão: não é possível obter-se a sequência ea, quando o e é vogal tónica. Por exemplo, escreve-se e diz-se alhear, cuja sílaba tónica é a que se escreve ar; neste caso, o e é átono e pronuncia-se como [i] ou como semivogal [j] na pronúncia mais rápida (alh[ia]r/alh[ja]r]. Contudo, quando o acento se desloca ao conjugarmos o verbo («eu alheio[-me]», «tu alheias[-te]», «ele/ela alheia[-se]»), , não é possível (em português padrão, repito) nem pronunciar nem escrever "alhêa", havendo a necessidade de inserir um [i] para, como se diz tradicionalmente, «desfazer o hiato»; assim, surge a forma alheia. De notar que em português antigo e, actualmente em dialectos portugueses e galegos, ainda se pronuncia "alhea" (no caso galego, também se escreve "allea"), "area" (em vez de areia), "chea" (em vez de cheia) ou "fea" (em vez de feia). Daí que, tal como está, "area" possa ser uma grafia fora das regras vigentes, que representa afinal uma variante dialectal de areia.