Agradeço todas as observações que Manuel Leal apresenta, porque elas fizeram-me pensar. E pensando aprendo. E quanto mais eu aprender, mais e melhor ajudo os outros. É também para isto que ando no mundo. Bem haja, pois. Passo a responder:
1. – Eu não disse por que razão não convém pronunciar o r «forte» à maneira de Lisboa, porque o nosso consulente não pediu que explicasse o porquê das minhas afirmações. E Manuel Leal também não o pede.
2. – Sim, «é possível que acreditem que há pronúncias melhores ou superiores às outras», mas eu não acredito, e o Ciberdúvidas também não acredita, mas lá o ser possível, é. No futuro, é possível haver alguém que acredite.
Mas note-se que não me referi à pronúncia melhor ou superior. Referi-me a pronúncia que não «convém». Uma coisa é não convir; outra é ser melhor ou pior ou ser superior ou inferior.
3. – «O que faz com que uma pronúncia seja melhor do que outra», é o seguinte, parece-me:
a) possuir mais clareza;
b) ser correcta;
c) ser aceitável;
d) haver concordância com o uso geral.
4. – Não me referi a nenhuma «questão de estética» nem «de eufonia».
Note-se que não condenei a pronúncia de Lisboa do tal r «forte». Apenas afirmei que não convém.
5. – No que toca a questões de linguagem, os portugueses são suficientemente inteligentes e livres para não seguirem os conselhos do Ciberdúvidas. E farão muito bem, quando tiverem razão para tal. Os colaboradores do «Ciber» são normais. Portanto, erram.
6. – O Ciberdúvidas apenas aconselha. Nada pretende e nada impõe, porque cada ser humano é um indivíduo [do latim «individuu(m)»] indivisível. É uma unidade distinta, independente e autónoma, com os seus interesses e direitos.
7. – O Ciberdúvidas não aconselhou «falar à moda de Coimbra». Nem sequer se referiu a determinada palavra, mas apenas à pronúncia dum fonema.
8. – Não é verdade que «linguística» seja «palavra proibida no Ciberdúvidas», antes pelo contrário, porque dela nos servimos para estudar, aprender e responder.
E, para terminar, liguemos o princípio e o fim desta resposta, dizendo:
«Bem haja, prezado consulente, pelas suas «perguntas retóricas, 'cum grano salis'!».