É compreensível que pessoas que falam diferentes variedades confrontem os seus “modos de falar”. Quando uma dessas pessoas fala a variante "padrão" da língua, é natural que haja tentativas, por parte dessa pessoa, para impor a sua variedade e é também natural a emissão de juízos de valor. É natural e é compreensível, mas nem por isso legítimo. Para a Linguística, todas as variedades de uma Língua gozam do mesmo estatuto e importância, valendo cada uma por si. Isto significa que, no que diz respeito a dialectos, não há “pronúncias erradas” nem “pronúncias certas”. Há, sim, convergência ou divergência relativamente à variedade-padrão da língua em questão.
Quanto às pronúncias do e que refere, há a assinalar que, à luz desta perspectiva, tanto a sua versão como a dos seus colegas é aceitável. Passa-se apenas que uma das pronúncias corresponde à variedade (supostamente) prestigiada da língua, o que não significa que a outra esteja incorrecta.
Este é, de facto, e como referiu, um motivo a favor da vivacidade e riqueza linguísticas.
Relativamente às pronúncias de tela e tê-la, posso dizer-lhe apenas que, em Português-padrão, é costume dizer-se “téla” (com e aberto) e “têla” (com e fechado).