Respondemos a cada uma das alíneas da réplica do estimado consulente Paulo M. Sendim Aires Pereira. Por razões técnicas esta resposta dividir-se-á em duas partes:
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Rendível não vai contra a regra. É palavra correctíssimamente formada: de render + sufixo -ível, que significa possibilidade de praticar ou sofrer uma acção; susceptível de; atributo; qualidade de. Ocorre, geralmente em adjectivos derivados de verbos da 2ª e da 3ª conjugação, como vender, vendível; fundo, fundível; render, rendível; unir, unível. Consulte-se, por ex., a obra "Dicionário de Afixos e Desinências" de Carlos Góis. O prefixo-ível não significa, pois, capacidade, mas sim possibilidade, etc., que pode ser ou não uma capacidade. Capacidade e qualidade não são sinónimos perfeitos, embora não muito distantes.
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A palavra rendível não "cria a uma pessoa normal conflito conceptual". Antes pelo contrário: relaciona-a, imediatamente com o verbo render, dar lucro, ser produtivo. Rentar é que "cria conflito conceptual", porque ninguém conhece palavra com a raiz rent- com a ideia de lucro, produção. Essa ideia tem-na a raiz rend-, e não rent-, como todos vêem: é intuitivo. Em rendível, não há nada de ilógico, mas sim de lógico. Não há nada que faça cair no arbitrário, mas naquilo que é, e assim tem de ser. Nada há que leve o povo a não corrigir, porque ele é levado racionalmente, a aceitar.
No que toca à linguagem, o povo aceita o que é intuitivo. É o caso de rendível derivado de render, e não de rentável.