a) O facto de toda a gente empregar determinada palavra, de ela soar bem e de não chocar não quer dizer que esteja cientificamente bem formada.
Rentável só poderia ser formada de rentar. Tal não pode ser, porque rentar significa passar rente; alardear forças; cortar rente; provocar; namorar (consulte-se um bom dicionário). Nada tem que ver com rendimento.
b) Só podemos formar o adjectivo a partir de render, com o significado de produzir, dar lucro. Ora de render só podemos formar rendível. Não há imaginação que funcione correctamente, que possa derivar de rentar sem atacar profundamente e destruir o valor semântico deste verbo.
c) Não há negócios rendíveis?! Essa é boa! Só não os há nas "mãos" de quem não os souber gerir. E negócios rentáveis só os há para aqueles que não conhecem bem as regras da formação das palavras da Língua Portuguesa.
d) Rendível é só o que pode ser rendido? Consulte-se um bom dicionário e conclua-se.
e) No caso presente, não há arbitrariedade nem se desrespeita a "filosofia da língua". Há apenas regras a que a linguagem está sujeita e que convém respeitar para que a Língua mantenha a sua integridade e beleza. Não há verdadeira beleza que não obedeça a regras. Repare-se na beleza do Universo, mesmo até nos pormenores.
Os "académicos", como diz o consulente Paulo M. Sendim Aires Pereira, não definem uma língua. Estudam-na, vivem-na, respeitam-na, seguem-na e ajudam-na na sua evolução. E não lhes chame "académicos", chame-lhes linguistas. E procuram conhecê-la profundamente, já que não é possível conhecê-la totalmente, porque não há estudo tão lato nem mais profundo do que o das línguas de cultura - não têm fronteiras.
f) Se o que é rendível é o que pode ser rendido, então o que é rentável é o que pode ser rentado, tal como o que é habitável é o que pode ser habitado. Alguém saberá o que é isso de ser rentado?
José Neves Henriques
P.S. - Por não se perceber o seu alcance, fica sem resposta a questão 3) (inserta de resto no n/Glossário de erros, em Economês).