Essas características, que menciona para determinado texto, constituem uma paráfrase e não uma paródia. Vejamos atentamente o que ensina o óptimo dicionário brasileiro Houaiss:
Paráfrase. – 1. «Interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua letra.» 2. «Interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra, etc.) que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu sentido.»
Com se vê, com as características do texto que apresenta, estamos em presença duma paráfrase e não duma paródia.
Paródia. – O mesmo dicionário ensina o seguinte acerca de paródia: «Obra literária, teatral, musical etc. que imita outra obra, ou os procedimentos de uma corrente artística, escola etc. com objetivo jocoso ou satírico; arremedo».
Sabemos perfeitamente que arremedo é o acto ou o efeito de arremedar, isto é, de imitar, de modo grosseiro e provocador, os gestos, as falas, etc., de outra ou outras pessoas.
N.E.: transcrevemos o que diz o «Dicionário Breve de Termos Literários» de Olegário Paz e António Moniz:
Paráfrase
é um «termo que designa a aplicação de determinados textos, para a sua maior acessibilidade junto de leitores menos esclarecidos. Utiliza-se
nas aulas e constitui uma fase anterior à análise, à interpretação e à síntese.
Na Teoria Literária, designa o desenvolvimento de um texto por outro texto, como as redondilhas «Super Flumina» (Babel e Sião), de Camões, em relação ao Salmo 136/7».
Nota. – Este «Salmo 136» é da Bíblia.