Nos tempos que correm, em Portugal, é fácil encontrar erros nos media, mas um erro duplo é um fenómeno que justifica atenção redobrada.
O primeiro erro deste título do Diário de Notícias está no "parodeia", que revela um desconhecimento total da conjugação do verbo parodiar. O verbo conjuga-se como adiar. Aparentemente, quem escreveu "parodeia" deve estar convencido de que o verbo se escreve "parodear".
O segundo erro — que não aparece no primeiro parágrafo, o que pode querer dizer que há dois cúmplices neste crime — é a junção da preposição com ao "parodeia". O verbo transitivo parodiar não é regido por nenhuma preposição (Ex.: «O aluno parodiou o professor»). A preposição de aparece na expressão «fazer a paródia de...» ou, simplesmente, no exemplo: «Este título é uma paródia de jornalismo.»
É certo que parodiar alguém ou alguma coisa significa, em geral, «gozar com» esse alguém ou essa coisa, mas à gramática ainda não são aplicáveis as leis da miscibilidade de líquidos. Por isso, nem assim se pode chegar a «parodiar com».
Assinale-se, ainda, que entre o sujeito e o predicado não há vírgulas, ao contrário do que se vê na primeira linha do segundo parágrafo («o episódio, começa»). No terceiro parágrafo, devia estar escrito «remete para o drama», em vez de «remete ao drama», a exemplo das chamadas de primeira página, que remetem para as páginas interiores.