Pode-se recomendar a pronúncia com e aberto, argumentando que é assim que os habitantes dessa localidade articulam o respectivo nome. No entanto, decidimos consultar F. V. P. da Fonseca, que defende a pronúncia com o e fechado (ê), observando que o nome até já se escreveu com acento circunflexo (Alquêva). A razão para pronunciar assim deve-se à relação com palavra alqueive. Assim, nunca se poderia postular um e aberto, porque ei evolui para e fechado, num fenómeno característico dos falares do Sul de Portugal.
Este ponto de vista sobre a etimologia de Alqueva é, de resto, o mesmo de José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico-Etimológico da Língua Portuguesa. Contudo, José Pedro Machado, em Vocabulário de Origem Árabe (Lisboa, Editorial Notícias, 1991), propõe, além de alqueive, uma outra etimologia – “al-ka’ba”. Sabendo que em português europeu padrão se dizem actualmente com e aberto os nomes Tejo e Beja, topónimos que evoluíram, respectivamente, de “tajuH” e “bajâ”, por seu turno, formas árabes dos nomes latinos ‘Tagu’ e ‘Pace’, ocorre-nos uma hipótese: do ponto de vista etimológico, o e de Alqueva é talvez aberto. Para fundamentar melhor esta hipótese, seria necessário conhecer a história do árabe falado na zona sudoeste da península Ibérica – o que não é o meu caso.