O termo cavaleiro (do lat. caballarius) é de facto utilizado para fazer referência à antiga instituição medieval da cavalaria e também àquele, ou àquela, que anda a cavalo. No primeiro caso, H. Brunswick, no Diccionario da Antiga Liguágem Portugueza, regista as seguintes aceções do vocábulo cavalleiro (1);
a. cavaleiro: homem de armas, da classe dos «filhos de algo» que, depois de ter passado na milícia pelo grau de «escudeiro», era armado cavaleiro por um rico-homem, ou pelo próprio rei, ou procuração deste.
b. cavaleiro de uma lança: nome dado aos homens de mesnada (2)que, como gente sem nobreza, e alguns até da sorte dos simples lavradores, não entravam na classe dos cavaleiros propriamente ditos, ainda que tivessem posses para ter cavalo, pelo que gozavam de vários privilégios e isenções.
c. cavaleiro vilão: espécie de aristocrata plebeu, análogo ao curial romano. Usava um fuste ou vara com que de quando em quando espertava os peões que faziam algum serviço.
d. cavaleiro de espada dourada: nome que se dava aos que, suposto não tivessem nobreza herdada, e mesmo fossem de antes «peões» chegavam a ter a contia, e cavalo de servir, que mostravam em diversas épocas do ano, para gozarem de certos privilégios, um dos quais era não pagarem «jugada» (3).
Em relação ao uso corrente de cavaleiro com o sentido de «aquele/a que anda a cavalo», o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa regista uma forma masculina (cavaleiro) e uma forma feminina (cavaleira), apresentando as seguintes aceções: «1 – pessoa que monta ou sabe montar a cavalo; 2 – pessoa que pratica o desporto da equitação ou participa em competições a cavalo». Note-se ainda que o termo cavaleiro é usado no âmbito da tauromaquia para designar um toureiro a cavalo.
Passando agora para o vocábulo ginete (do árabe zenêti ou zanatî), o supramencionado dicionário da Academia das Ciências de Lisboa regista as seguintes aceções: «1 – cavalo de boa raça, esbelto, ligeiro e bem adestrado; 2 – soldado de cavalaria ligeira, na Idade Média, que combatia armado de lança e adaga e sem escudo». A par destas duas aceções, regista de igual modo um uso relativo à variante brasileira do português: «cavaleiro hábil e firme sobre a sela; cavaleiro que monta esse cavalo». Já o dicionário Houaiss regista, entre outras, o uso de ginete com a aceção de «indivíduo que monta cavalo de corridas; jóquei».
(1) A grafia do texto original foi atualizada.
(2) Contingente de homens que, mediante pagamento, serviam como soldados; mercenários (H. Brunswick, Diccionario da Antiga Liguágem Portugueza).
(3) Tributo que se pagava por cada junta de bois que se tinha; conjunto de duas dízimas, a eclesiástica e a secular, que os povos pagavam à Igreja e ao senhorio (idem).