Se por um lado, no latim clássico e especialmente durante a República, o c valia de k, o t se pronunciava como tal, e ae era um ditongo, etc., foi do latim vulgar ou popular que o português recebeu as pronúncias que indiquei (c = ç, ti + vog. = ci + vog.). Deu-se a palatalização das consoantes, devido a se lhes seguirem vogais palatais (e, proveniente de ae, e i). O latim vulgar, falado pelo povo, era o latim trivial, e foi este latim colectivo que trouxeram para a Península Ibérica os soldados, funcionários e colonos romanos. O latim popular é analítico, isto é, usa já menos casos (um ou dois), determinantes (artigos), emprega largamente as preposições e de preferência as formas verbais compostas, tem o vocabulário bastante diferente do do latim clássico e sofreu alterações e reduções fonéticas, por ex., a queda da consoante final -m. Cícero chamava-lhe sermo plebeius.