DÚVIDAS

Os dígrafos ti e ae em latim, de novo

Muito grato pelas explicações do Prof. Venâncio da Fonseca. No entanto, o que eu realmente pretendia era uma justificação para as discrepâncias, se possível, com um acompanhamento histórico da evolução. Será pedir muito? Obrigado, de novo.

Resposta

Se por um lado, no latim clássico e especialmente durante a República, o c valia de k, o t se pronunciava como tal, e ae era um ditongo, etc., foi do latim vulgar ou popular que o português recebeu as pronúncias que indiquei (c = ç, ti + vog. = ci + vog.). Deu-se a palatalização das consoantes, devido a se lhes seguirem vogais palatais (e, proveniente de ae, e i). O latim vulgar, falado pelo povo, era o latim trivial, e foi este latim colectivo que trouxeram para a Península Ibérica os soldados, funcionários e colonos romanos. O latim popular é analítico, isto é, usa já menos casos (um ou dois), determinantes (artigos), emprega largamente as preposições e de preferência as formas verbais compostas, tem o vocabulário bastante diferente do do latim clássico e sofreu alterações e reduções fonéticas, por ex., a queda da consoante final -m. Cícero chamava-lhe sermo plebeius.

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