Já temos explicado muitas vezes que as formas de aumentativo podem ou não ser dicionarizadas. Se há mudança de género, normalmente do feminino para o masculino, o mais certo é que o aumentativo resultante tenha adquirido autonomia, isto é, deixou de ser a flexão de um substantivo para passar a constituir um item lexical independente, com referência a uma entidade que constitui um subtipo da que é referida pela forma no grau normal. É este o caso de porta e portão. De referir ainda que o aumentativo de um nome feminino, sobretudo dos que designam objectos ou utensílios, tende a passar ao género masculino, como se o aumento no tamanho fosse concebido metaforicamente como masculinização. Deste modo, podemos afirmar que a forma tigelão é tão legítima como tigelona para designar não apenas uma tigela grande, mas um tipo de tigela que é grande, contrariamente às características prototípicas da tigela.
Em relação à cama, são possíveis os seguintes aumentativos: "camona", "camazona", "camão". Trata-se, contudo, de aumentativos que não estão estabilizados, que só pontualmente ocorrem, por exemplo, na linguagem infantil, no sentido de alcançar uma maior expressividade.