As formas “aespacial” e “não-espacial” não se encontram registadas em dicionários de língua e não surgem na MorDebe ou no CetemPúblico. Penso, no entanto, que a forma mais adequada é não-espacial. Apresento a seguir as razões para optar por não-espacial e não por “aespacial”:
a) o prefixo não- é actualmente um prefixo bastante produtivo, que se junta a um grande número de unidades lexicais dando origem a neologismos no português;
b) como a partícula não também funciona como advérbio de negação, está mais disponível ao falante para traduzir a negação ou privação de;
c) a utilização de não- não implica alterações ortográficas ou fonológicas na base lexical, como alguns prefixos de negação;
d) o prefixo não- apresenta mais rendimento na formação de adjectivos que têm por base também um adjectivo.
O prefixo a-, de origem grega, indica «privação» e «negação» e assume a forma an- diante de uma vogal como em analgia ou anencefalia. Este prefixo tem um rendimento quase nulo em português e quase não é sentido como prefixo de negação pelo falante, uma vez que geralmente não se distingue do radical.
Enquanto o prefixo a- deixou de ser nítido para a maioria dos falantes e por isso apresenta um índice baixo de utilização, não dando origem actualmente a palavras novas, o prefixo não- utiliza-se com mais frequ[ü]ência substituindo no sistema linguístico o prefixo a-. Assim, penso que devido à produtividade do prefixo não é possível a existência de não-espacial.
Para mais informações consulte Margarita Correia, 1989 – «O comportamento prefixal de não», in Actas do XIX Congreso Internacional de Linguística e Filoloxía Románicas, vol. II, A Coruña, Fundación Pedro Barrié de la Maza, 1992, 347-356.