O verbo suceder, com o sentido de ocorrer, acontecer, tem algumas características específicas:
I – usa-se apenas na terceira pessoa do singular
(1) «Isso sucede com frequência.»
II – surge, na maioria dos casos, com o sujeito posposto, isto é, a seguir ao verbo
(2) «Com os golfinhos sucede o mesmo.»
III – Pode ter como sujeito uma frase (ou oração):
(3) «Sucede muitas vezes encontrar-te na rua.»
(4) «Sucede que não estou interessado.»
Quando o sujeito é uma frase introduzida por um pronome relativo, como em (4), sem antecedente surge obrigatoriamente depois do verbo.
Relativamente à transitividade, este verbo é intransitivo. Pode também ser transitivo indirecto:
(5) «O mesmo sucede aos golfinhos.»
(6) «O mesmo lhes sucede.»
Note-se a semelhança de sentido entre as frases (2) e (5). A expressão, que em (5) é um complemento indirecto (introduzido, como é norma, pela preposição a), é em (2) um complemento circunstancial, introduzido pela preposição com. No entanto, essa semelhança não se verifica em todos os contextos. A frase (5) utiliza-se em situações em que algo afecta os golfinhos, por exemplo um produto químico adicionado à água. A frase (2), para além de poder ser utilizada no mesmo contexto da anterior, pode ainda ocorrer em outras situações com um sentido um pouco diferente, servindo para descrever um comportamento inerente aos golfinhos.
Não me ocorre, nem encontrei, nenhuma situação em que o verbo seja transitivo directo. Se a consulente conhece exemplos em que essa situação se registe, ficaria grata que no-los enviasse, para nosso enriquecimento e dos nossos consulentes.