Duas questões se levantam a propósito desta observação da nossa consulente.
A primeira diz respeito à construção de frases em faixas, cartazes, placas, rótulos, etiquetas, etc. Nestas situações, o contexto e a intencionalidade levam à adopção de expressões simples, tipificadas, sem núcleo verbal expresso. As inscrições que refere são simplificações de frases do género: “Concede-se estacionamento grátis (= de graça, de forma gratuita). Ou seja, o conceder o estacionamento é que é de forma gratuita, e não o estacionamento em si.
Uma segunda questão é a da derivação imprópria. Grátis, inicialmente um advérbio que caracterizava a acção de obter o bem (de graça, sem se pagar por ele), passa a desempenhar a função de adjectivo, caracterizando o próprio bem em si (gratuito), e não a forma como foi obtido. No Dicionário Aurélio Século XXI, já o vocábulo “grátis” vem referido como sendo um adjectivo.
Relacionado com este aspecto, refira-se que há palavras que em certos contextos são advérbios e noutros adjectivos, constituindo-se como modificadores do substantivo: pessoas assim deviam ser recompensadas; muita água; paciência bastante.