Em português o pronome quem, seja ele interrogativo («Quem é?») ou relativo («Sou eu quem bate à porta»), não tem plural, ou seja, não existe a forma *"quens" (o * indica incorreção). Tampouco se aceita que um verbo associado a quem com a função de sujeito ocorra no plural, mesmo que o plural se interprete como um par ou um grupo de pessoas:
(1) Por pouco, o João, a Rita e o Joaquim não nos visitavam. A minha filha não sabia quem estava a bater à porta e não abriu.
Em espanhol, pelo contrário, como assinala o consulente, a forma quien tem o plural quienes, cujo uso se descreve assim na Nueva Gramática Española (Asociación de Academias de la Lengua Española, 2010, p. 412):
«O relativo quien, assim como o interrogativo e exclamativo quién, têm flexão de número (quienes, quiénes). Este plural estendeu-se em época tardia, razão por que às vezes se regista ainda o singular para referências plurales: "Quién son los que os acompañan" ["Quem são os que vos acompanham"] [...].»
O uso português parece, portanto, conservar uma situação que o espanhol também conheceu em tempos.
Acrescente-se o comentário que Pilar Vázquez Cuesta e Maria Albertina Mendes da Luz fazem na Gramática da Língua Portuguesa (Edições 70, 1980, p. 507/508; tradução de Gramática Portuguesa, Editorial Gredos, 1971; mantém-se a ortografia da tradução portuguesa):
«Quem — não admite plural em português — aplica-se actualmente apenas a objectos personificados, mas foi outrora aplicado com maior amplitude. É muito mais frequente na linguagem literária do que em linguagem familiar, onde, se o antecedente está expresso, é substituído muitas vezes por que. Assim:
Foi António quem (ou que) disse que viria hoje.
Quem lhe dera a notícia foram os irmãos. [...]»