Julgo que a edição do referido livro de Roland Barthes utilizada pelo caro consulente será a da Editora Cultrix.
De facto, não encontro qualquer referência ao termo reição em nenhum dos instrumentos linguísticos de referência (portugueses ou brasileiros) consultados.
O excerto, no original francês, é:
«[...] Parler, et à plus forte raison discourir, ce nʼest pas communiquer, comme on le répète trop souvent, cʼest assujettir: toute la langue est une rection généralisée.»
De acordo com o dicionário francês Petit Robert, a definição da palavra rection é:
«Propriété quʼa le verbe dʼêtre accompagné dʼun complément direct ou introduit par une préposition.»1
Deste modo, creio que a melhor forma de traduzir o referido vocábulo é recorrer ao termo português regência.
Foi, aliás, desta forma que a professora Ana Mafalda Leite traduziu este excerto na edição portuguesa da obra em apreço (Roland Barthes, Lição, Edições 70, Colecção Signos, Lisboa, 1988):
«[...] Falar, e com mais razão discorrer, não é comunicar, como muitas vezes se diz, mas, sim, subjugar: toda a língua é uma regência generalizada.»
No que diz respeito à interpretação deste excerto específico da citada lição de Barthes, proferida no Collège de France, em 7 de janeiro de 1977, veja-se, por exemplo, este interessante artigo do professor Diogo Alcoforado.
1 Tradução livre: «Propriedade que o verbo tem de ser acompanhado por um complemento direto ou de ser introduzido por uma preposição.»