Os valores fónicos associados às letras c e g variam em português, porque do latim para esta língua ocorreram fenómenos fonéticos de palatalização e fricativização antes das vogais representadas por e e i. Por exemplo: GENTE, em latim, soava aproximadamente "guentê" mas, no português, passou a gente, que soa "jente"; a forma latina CENTU, que soava "kentu", passou a cento, que soa "sento". Este fenómeno é comum a outras línguas românicas, embora com resultados fonéticos diversos.
Quanto à letra S latina, esta representava sempre em latim clássico uma sibilante surda, [s], pois não existia o [z] de trazer, a não ser em palavras de origem grega (a rigor, não era um [z], mas sim um [dz]). O S latino no meio de palavra é que evoluiu frequentemente para [z] na passagem para o português (MENSA- > mesa). Note-se que o atual [z] do português tem outras origens, por exemplo, em -C- e -TI- latinos: DUODECI- > *dodece (latim vulgar) > doze; sufixo -ITIA > -eza como em clareza, beleza, já criados em português (cf. s.v. -eza e notas etimológicas de itens assim sufixados no Dicionário Houaiss).