O tardo é uma personagem mítica do folclore do Norte de Portugal e da Galiza (Espanha). O Dicionário Morais (edição compacta, 1980) e o Novo Dicionário da Língua Portuguesa (3.ª edição), de Cândido de Figueiredo, definem o vocábulo como sinónimo de trasgo, que por sua vez significa «aparição fantástica; diabrete; duende», a par de «pessoa traquinas». Os referidos dicionários registam ainda a acepção de «pesadelo» para a palavra tardo, com a indicação de que seria um regionalismo do Minho (Portugal). José Pedro Machado (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa) regista trasgo, apenas com um breve comentário («de origem incerta»), mas não tem entrada para tardo. Mais recentemente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (8.ª edição, de 1998) confirma e completa as anteriores definições: «pesadelo; lobisomem; o Demónio; trasgo».
Não se conhece, pois, a origem da palavra, embora haja o adjectivo tardo («lento», «vagaroso», «indolente») e a semelhança fonética com tarde, o que sugere um certo grau de influência semântica.
Quanto a saber se a designação em apreço se relaciona com «correr o fado», mais uma vez as obras que consultei são omissas. Pode-se, no entanto, admitir alguma projecção metafórica da palavra, já que as "tropelias " de quem anda pelas ruas à noite serão semelhantes à desse pequeno ser demoníaco, o tardo.