A frase em apreço corresponde a um dos raros exemplos que ilustram o valor adversativo de que. O sentido que é veiculado pela relação estabelecida entre as duas frases é o contraste, ou mesmo oposição. A primeira frase orienta-se num determinado sentido – o fecho de contas interfere com a construção do balanço – que é diferente do sentido da frase introduzida pela conjunção que – o fecho das contas não interfere com a demonstração dos resultados.
A expressão que (não) corresponde assim a mas (não) em que a conjunção que veicula uma ideia de contraste enquanto o advérbio não veicula o sentido que lhe é próprio: negação, que vem reforçar o sentido contrastivo da conjunção. Uma frase complexa equivalente à que o consulente coloca à nossa apreciação seria «O fecho de contas é um procedimento essencial à construção do balanço, mas não à demonstração dos resultados».
[Note-se que alterei a preposição que antecede demonstração. Efectivamente tanto construção como demonstração dependem do vocábulo essencial e devem ser introduzidos pela mesma preposição: a.]
Saliento ainda que os meus conhecimentos de contabilidade me não permitem ajuizar da lógica global da frase, tendo em vista uma dada realidade. A minha apreciação limita-se, pois, à estrutura linguística.