Não encontrámos registo de tal provérbio em nenhuma das obras específicas1 sobre provérbios, frases feitas e expressões correntes da língua portuguesa. E essa situação deve-se ao facto de o mês de referência ser o de Agosto e, não, o de Abril, como verificámos, posteriormente através de pesquisa na Internet. Assim, o provérbio é «Em Agosto deve o milho ferver no carolo».
Com este mês de Agosto como referência, este provérbio está registado em O Livro dos Provérbios Portugueses (ob. cit.) incluído na temática «Tempo atmosférico». No entanto, apesar de se encontrar dicionarizado, não há a explicação da sua origem nem do seu significado.
O seu sentido está, decerto, relacionado com um determinado valor de carolo, palavra que tanto pode designar a «espiga de milho a que se retiraram os grãos; maçaroca de milho depois de debulhada» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001), como a «farinha de milho, moída grosseiramente, própria para fazer papas» (idem).
Pelo teor do provérbio, parece-nos que carolo é aí usado para designar a espiga ou a maçaroca, razão pela qual o significado do provérbio deverá estar relacionado com a importância de se deixar que o milho desenvolva (na espiga) com o sol forte de Agosto, apanhando o calor abrasador próprio dos dias de Agosto (o «ferver» implicaria, portanto, sofrer a acção das «brasas» dos raios solares de Agosto). Depreende-se, assim, que poderá ser um conselho para que não se apanhe o milho antes de Agosto, de modo a permitir que o mesmo possa atingir a forma perfeita.
1 Bibliografia consultada: José Ricardo Marques da Costa, O Livro dos Provérbios Portugueses, 2.ª ed., Lisboa, Editorial Presença, 2004; Gabriela Funk e Mattias Funk, Dicionário Prático de Provérbios Portugueses, Chamusca, Edições Cosmos, 2008; Roberto Cortes de Lacerda et alli, Dicionário de Provérbios — Francês, Português, Inglês, Lisboa, Contexto Editora, 2001; Orlando Neves, Dicionário de Frases Feitas, Porto, Lello & Irmão, 1991; Orlando Neves, Dicionário de Expressões Correntes, Lisboa, Editorial Notícias, 1999; Orlando Neves, Dicionário das Origens das Frases Feitas, Porto, Lello & Irmão, 1992; Alexandre Palafita e Isaura N. Fernandes, Os Provérbios e a Cultura Popular, Vila Nova de Gaia, Edições Gailivro, 2007; R. Magalhães Júnior, Dicionário de Provérbios e Curiosidades, São Paulo, Editora Cultrix, 1959.