Isto será transcrição da Bíblia, do Apocalipse, 17, 8, que se refere à besta?
Será, embora pareça um tanto modificado?
Bem... mas vamos ao assunto. Em primeiro lugar, manifesto-lhe a minha satisfação, por não ter concordado comigo. Sim, a minha gratidão, porque nada aprendo com quem concorda comigo. Aprendo com os que discordam de mim, porque me levam a observar, a pensar, a estudar e a resolver. E assim aprendo.
Vejamos então:
(a) O que era, que é, e que virá.
(b) O que era, o que é e o que virá.
Peço desculpa, mas em (a) não temos a «idéia de simultaneidade», porque simultaneidade é o que ensina o dicionário que tenho aqui: «qualidade do que ocorre, se realiza, se produz ao mesmo tempo; coincidência.»
No exemplo (a), não há ideia de simultaneidade, porque as coisas não ocorrem ao mesmo tempo: «que era» indica passado; «que é» indica presente; «que virá» indica futuro. Não há ideia de simultaneidade em (a) nem em (b).
Julgo que o ser humano pode visualizar no mesmo instante o passado, o presente e o futuro, embora talvez não sinta a mesma nitidez de quando visualiza apenas um tempo, como possivelmente acontece perante a seguinte frase:
(c) O João esteve no Brasil, agora está em Portugal e na próxima semana estará na França.
Ajuda-nos a visualizar os três tempos o facto de podermos visualizar os três países no mesmo instante.
Vejamos então a seguinte frase:
(d) Na Bíblia, o passado, o presente e o futuro são descritos com sabedoria.
Aqui, o verbo está no plural, porque não se encontra junto do sujeito. Se pusermos o verbo junto de cada sujeito, ele fica no singular, como vemos na frase (a) e na (b).
(e) Na Bíblia, o passado é descrito com sabedoria, o presente é descrito (...), eo futuro é descrito (...).
Aqui, não há três núcleos de sujeito com o verbo no plural.