Se com você se usam as formas verbais de 3.ª pessoa, então será também possível usar os pronomes clíticos (ou átonos) da mesma pessoa:
(1) Catarina, você é maravilhosa! Amo-a!
Em (1), o falante está a dirigir-se ao seu interlocutor, mas usa verbos e pronomes clíticos de 3.ª pessoa, porque são estes que se combinam com você. Em «você é maravilhosa», a forma «é» pertence gramaticalmente, tal como o pronome a, à 3.ª pessoa do singular, muito embora quem profere a frase (1) se esteja a referir à Catarina não como outra pessoa («ela»), mas sim como a pessoa com quem se fala (você).
No Brasil, a tendência, é, como se sabe, a de evitar os chamados pronomes clíticos (o, a) e distinguir bem as situações em que estamos a falar com uma pessoa (você) daquelas em que a referimos (ele, ela). Daí que, embora não seja falante de português brasileiro, calcule que se diga «eu amo você» (em certos casos, «eu te amo») e «eu amo ela». No entanto, sei que muitos gramáticos brasileiros condenam este uso e defendem o que descrevi mais acima: ou seja, quando digo «amo-a», posso estar tanto a falar«nela» como a falar «com você».