Na norma do português europeu, a frase corre(c)ta é a segunda. A forma composta de pretérito perfeito exprime geralmente a repetição de um acto ou a sua continuidade até ao presente em que falamos, ou seja, a acção de chegar cartas prolonga-se durante o intervalo toda a semana. Em substituição da frase 1., seria mais correcto empregar a forma perifrástica com o infinitivo do verbo chegar: «A semana toda têm estado a chegar cartas com opiniões diferentes.» A frase apresenta-se, portanto, no aspecto durativo ou contínuo. Também se pode aqui falar em perífrase progressiva. Observe-se, contudo, que a frase 1 pode eventualmente ser aceitável no contexto do português brasileiro padrão, visto os falantes brasileiros atribuírem valor durativo à locução constituída por estar e gerúndio («estar chegando»).
N. E. (18/06/2017) – Informa o consulente Rodrigo Vasconcelos (Belo Horizonte) que, na variedade brasileira, geralmente não se usa nem «ter estado a» + infinitivo, nem «ter estado a» + gerúndio. Sobre esta restrição, não foi possível encontrar referências nem nas gramáticas prescritivas nem nos estudos linguísticos descritivos, mas fica aqui feito o registo, à espera de elementos explicativos que possam vir a ser recolhidos.