Tanto o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (José Pedro Machado, ob. cit., 3.ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 2003) como o Vocabulário da Língua Portuguesa (F. Rebelo Gonçalves, ob. cit., Coimbra, Coimbra Editores, 1966) e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia das Ciências de Lisboa (1940), registam esse nome bíblico da seguinte forma — Ântipas, o que nos indica que se trata de uma palavra proparoxítona (esdrúxula), com acento circunflexo na primeira sílaba. Rebelo Gonçalves, decerto por se dar conta do uso da forma Antipas, sem acento gráfico, tem o cuidado de esclarecer que é «inexacta a acentuação Antipas (parox.)» (ob. cit., p. 86).
No entanto, a Bíblia Sagrada em Português Corrente — Tradução interconfessional do hebraico, do aramaico e do grego (Lisboa, Difusora Bíblica, 1999) regista Antipas sem o acento circunflexo na primeira sílaba, como podemos verificar na nota de rodapé da p. 1321 — «Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, tetrarca, ou seja, governador da Galileia, de 4 a. C. a 39 d. C.» (Lucas, 3) —, assim como no índice analítico, em que, para Herodes, surgem quatro alíneas: «Herodes (N. T.) a) rei da Judeia:Mt 2,1 – 22, Lc 1,5); b) Antipas, governador da Galileia: Mt 14, 1-10; Mc 6,14-27; 8,15; Lc 3,1-19; 9,7-9; 13,31; 23,6-12; Act 4,27; 13,1.; C) Agripa I: Act 12,1-6; 11;19-23.; D) Agripa II, ver Agripa» (idem, p. 1604).
Tratando-se esta Bíblia de uma tradução feita por especialistas nas línguas eruditas (hebraico, aramaico e grego) e, naturalmente, em português, estranha-se que a grafia de Antipas divirja da que é indicada nas obras citadas anteriormente. A leitura que fazemos é que esta variante gráfica parece representar a realidade do uso corrente, que não tem contemplado a norma, talvez devido à pronúncia invulgar de Ântipas.