O latim bárbaro não era uma língua falada, nem era exactamente protoportuguês. No século IX começam a aparecer documentos em latim bárbaro, onde, devido à insciência dos notários que os redigiram, transparecem aqui e ali palavras que eles iam buscar à língua falada, as quais, no caso do nosso país, podemos considerar portuguesas. O português usado na linguagem tabeliónica nos documentos latino-bárbaros, desde o séc. IX ao séc. XII, sobretudo na região entre o Douro e o Mondego, pode chamar-se português proto-histórico, segundo Leite de Vasconcelos. Portanto, a fase da língua portuguesa que decorre desde o séc. IX até o séc. XII constitui a época proto-histórica da nossa língua, porque neste espaço de tempo não aparecem documentos extensos escritos completamente em português. Certas características do galego-português encontram-se já em documentos em latim bárbaro, aparecendo algumas palavras e expressões do português proto-histórico alatinadas pelos escribas e reveladas nesses documentos. O latim bárbaro continuou a usar-se ainda durante cerca de um século depois de surgirem os primeiros escritos em português.