São legítimas as oscilações da atribuição de género – ora masculino, ora feminino* – ao jogo em referência, porque elas se explicam pela maneira como se interpreta o nome em questão.
O nome do jogo ocorre como "Baleia Azul", forma que traduz o inglês Blue Whale, por sua vez tradução do russo Cиний кит (em transliteração latina Siniy Kit), literalmente «baleia-azul», que é do género masculino. Como nome comum, baleia-azul (que tem hífen) é do género feminino em português. Convertendo este nome comum em nome próprio, deveria continuar a usar-se hífen e manter-se-ia o género feminino: «a Baleia-Azul é um jogo perigoso». Contudo, tendo em conta o uso como nome próprio, é também possível «o Baleia-Azul», pressupondo «o jogo que se chama Baleia-Azul».
Uma consulta do Google revela o mesmo tipo de oscilação, embora com certa vantagem para o uso de Baleia-Azul no feminino. Contudo, esta conclusão deve ser considerada com bastante prudência, porque baleia-azul já ocorria antes em páginas eletrónicas para designar a espécie animal assim denominada. Isto significa que a alta frequência de uso do nome no género feminino para que aponta a referida consulta pode ser simplesmente o resultado conjunto do uso antigo, como apelativo de uma espécie animal, e do uso recente, como nome de um jogo.
* Os exemplos em que o nome do jogo figura sem artigo definido não são índice do género neutro, que, aliás, não existe como categoria gramatical no português. A omissão do artigo definido em casos como o de «Baleia Azul faz vítimas entre os adultos» decorre antes de uma possibilidade do estilo abreviado (elíptico) das frases que constituem títulos nos noticiários.