Na escrita do português antigo, no qual se usava o -n e o til – ~ – em posição final, a nasalidade em final de palavra – seja esta considerada vocálica ou consonântica – podia ser também representada por -m, como anota Edwin B. Williams em Do Latim ao Português (Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 2001, pág. 35):
«O uso do m final para indicar nasalação da vogal final apareceu talvez em monossílabos da prosa legal por imitação da ortografia latina, e.g. , com, quem, rem (arcaico), tam [...]. O abandono do n em favor do m ocorreu no curso do século XIII [...].»
Refira-se que o -m surgia frequentemente tanto em Portugal como na Galiza, como refere Clarinda de Azevedo Maia, em História do Galego-Português (Coimbra, Instituto Nacional de Investigação Científica, 1986, págs. 306/307, n. 4):
«[...] [C]ontrariamente ao que pensavam alguns, a grafia -m em final de palavra não é um pormenor que diferencie os documentos da Galiza e de Portugal. [...] Este processo gráfico é [...] comum aos sistemas de escrita medievais de Portugal e da Galiza.»
A ortografia portuguesa acabou por fixar o -m como marca de nasalidade em final de palavra.