DÚVIDAS

Numeração de reis, papas e séculos, novamente

Os jornais e revistas brasileiros estão grafando «D. Pedro 2.º», «Rainier 3.º», «João Paulo 2.º», «Bento 15», «Bento 16», etc. Estranho essa grafia, pois o tradicional em Português e quiçá em todas as línguas ocidentais que se servem do alfabeto latino é usar, nesses casos, algarismos romanos e não arábicos.
Que pensar de tudo isso?
Por outro lado, desejo saber se há alguma palavra ou locução específica para designar essa numeração de reis, rainhas, imperadores, príncipes soberanos, papas, patriarcas, etc.
Muito obrigado, distintos amigos.

Resposta

Como é sabido, na fala, até 10 (Celso Cunha e Lindley Cintra) inclusive, usam-se os ordinais e depois os cardinais, sempre que o numeral vier depois do substantivo. Logo, a escrita 2.º, 3.º (pontos a seguir aos algarismos e antes do índice), 15, 16, reproduz a fala e obedece a esta norma.
Na escrita, é costume na comum língua a numeração de reis, papas ou séculos ser representada com os números romanos, dado que estes têm a faculdade de servir ora de ordinais ora de cardinais: D. Pedro II (segundo), Bento XVI (dezasseis/dezesseis).
Não recomendo que se esqueça a tradição; a verdade, porém, é que, neste caso, a representação na escrita em algarismos arábicos, ordinais e cardinais, apresenta a vantagem de indicar, explicitamente, a norma da fala às pessoas que a desconheçam. Poderá dizer-se que este sistema representa uma indiferença pelas convenções, ou, por outro lado, que é uma inovação... Do `meu´ ponto de vista, penso que não traz grande mal à língua...

Ao seu dispor.

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