Eis algumas dúvidas que são importantes. São várias:
1) Lamento, mas «a nível de» existe (preferível a forma «ao nível de»). No entanto, apenas deve ser utilizada nos sentidos que tem a palavra nível – o problema é quando usam a expressão para todos os sentidos imagináveis. Sugestão: pegue uma (numa) régua e, quando alguém disser «a nível do dicionário», meça a quantos centímetros de altura essa pessoa está falando.
2) O trema ainda vige no português do Brasil. Isso porque o país não seguiu o acordo que assinou com Portugal em 1945. Do outro lado do Atlântico, o trema caiu no mar. A menos que o seu interlocutor comece a escrever (à maneira de Portugal) «facto» em vez de «fato», «Egipto» no lugar de «Egito», «dezasseis» substituindo o «dezesseis», então o jeito é escrever agüentar, lingüística e frequënte com trema.
3) De menor, apesar de soar a erro, não o é. Fica como uma forma reduzida de «de menor idade». No entanto, acho preferível – e uso – a expressão «fulano é menor», para dizer que ainda não tem a idade legal que permite que seja imputável perante a lei.
4) Salsicha é a forma correcta. Se aceitarmos salchicha, porque não aceitar «chalchicha», como algumas pessoas dizem? Chama-se a este fenômeno lingüístico (fenómeno linguístico) de contaminação, quando o uso repete um som em outra sílaba. Um jogo infantil mostra a contaminação: quando se pede a uma pessoa que repita rapidamente «um tigre, dois tigres, três tigres» e a pessoa acaba falando «três trigres». A aceitação de todos os erros que são «populares» – uma corrente com muitos seguidores na lingüística – acaba por resultar em decisões como a da Real Academia Española que consagra o uso de «subir para cima» e «descer para baixo». Os falantes de castelhano devem estar tentando subir para baixo e descer para cima...
5) Por fim, todos os dicionários adoptam decisões que são polémicas. O Pasquale Cipro Neto tem algumas questões a respeito do Aurélio. Se estes dicionários fossem bíblias, não necessitavam de alterações e correções de uma edição para outra.