Transcrevo da Gramática da Língua Portuguesa da Maria Helena Mira Mateus et aliae (Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 922, n. 3) a seguinte passagem (itálico do original a negro): «São atemáticas as palavras que não integram índice temático, pelo que a forma da palavra, no singular, é idêntica à forma do radical. Estas palavras terminam geralmente em vogal tónica, oral ou nasal (cf. chá, irmã) ou ditongo tónico, oral ou nasal (cf. chapéu, irmão), mas também se encontram formas terminadas em vogal átona (cf. táxi), ditongo átono (cf. viagem) e em consoante (cf. cais, lápis).» Quem consulte o Dicionário Inverso do Português de Ernesto d’Andrade (Lisboa, Edições Cosmos, 1993) vê que as palavras terminadas em i são realmente as palavras terminadas nos ditongos [aj] (pai), [ej] (rei, pónei), [oj] (boi, herói), [uj] (raríssimo, damui) e em [i] em posição tó[ô]nica (javali, aqui) e átona (táxi). Perante estes dados, conclui-se: – morfologicamente, as palavras terminadas em [i] são atemáticas, pelo que o plural se associa ao radical (júris : [[[júri]radical nominal [s] flexão morfológica] nome plural; – foneticamente, «a vogal [i] pode encontrar-se em posição final em algumas palavras importadas ou cultas como táxi [táksi] e júri [júri], sendo no entanto excepcional esta ocorrência (Mateus eta aliae, op. cit., pág. 992, n. 6); deste modo, fonologicamente, o plural forma-se pela adjunção do sufixo -s ao radical atemático, com a consequente palatalização pós-lexical do sufixo (/juri + s/ –> [júris])» (idem, pág. 1018/1019). Não há, portanto, nenhuma alteração semelhante ao que acontece com palavras terminadas na consoante do radical ou em ditongo nasal (amor/amores; português/portugueses; animal/animais; irmão/irmãos; alemão/alemães; ladrão/ladrões).