A expressão «mau luto» parece enquadrar-se na linguagem da psicanálise. Nas abordagens psicanalíticas, fala-se em trabalho do luto como «processo psíquico pelo qual um indivíduo, após ter perdido um objeto de seu afeto, consegue gradualmente desapegar-se dele» (Dicionário Houaiss). Considero, portanto, que é disso que se trata: a paisagem é construída por imagens afetivamente investidas, relacionadas com a idealização de um passado real ou imaginário (simbolizado pelo «preto e branco» de certas fotografias antigas), a qual é compensação ou refúgio de um presente percebido como deprimente; o resultado pode ser um «mau luto», isto é, a intensificação de um sentimento de perda, sem horizonte de autonomia futura.