Nas fontes a que tenho acesso, não encontro registo de "magorreiro".
No entanto, assinalo a existência do topónimo Herdade do Magorreiro, em Portalegre. E existe um topónimo que, não tendo exatamente a mesma forma, poderia pela fonética e pela morfologia ter algo que ver com a palavra: Magarreiro, em Armamar (Viseu) e no Alandroal (Évora). E regista-se magarreiro como designação de uma «espécie de machado, usado para cortar as raízes das azinheiras e de outras árvores» (Vítor Fernando Barros e Lourivaldo Martins Guerreiro, Dicionário de Falares do Alentejo, Lisboa, Âncora Editora, 2013).
Posso também supor que "magorreiro" é uma amálgama de outras palavras, que têm significado afim: em Trás-os-Montes, mogueiro, «preguiçoso, indolente» (Vítor Fernando Barros, Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Lisboa, Âncora Editora/Edições Colibri, 2006); ou, na Beira Alta (Sabugal), mangorra, como nas expressões «estar com mangorra" (= «com preguiça») e «fazer mangorra», ou seja, «perder tempo» (cf. Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português.; mangorra também é conhecido no Alentejo, conforme registam Vítor Fernando Barros e Lourivaldo Martins Guerreiro, op. cit.).
Poderia ainda pensar-se que "magorreiro" fosse resultado da desnasalização do a de uma forma não atestada como *mangorreiro, cujo significado poderia ter sido na origem «aquele que perde tempo com amabilidades». No entanto, não encontro informação que confirme esta minha hipótese. Mesmo assim, assinalo, no dicionário da Real Academia Espanhola, o registo de mangorrero, «que anda comummente entre as mãos», «inútil ou de pouco valor», vocábulo que poderia ligar-se à palavra hipotética "magorreiro", desnalizando o final da primeira sílaba e aceitando que o valor de «amável» tenha surgido por extensão semântica (partindo da perspetiva já enunciada, de que a amabilidade num ambiente rústico é comportamento supérfluo, desadequado).
Tudo isto são suposições, sujeitas às achegas e correções de quem nos lê, e que desde já agradecemos.