Macellum ou macellus designava um mercado onde se comercializavam vários produtos alimentares (carne, peixe, legumes, etc.). Diz o Lexicon totius latinitatis de Forcellini, no seu volume 3 (pág. 138), que macellum est locus, in quo obsonia venduntur («o macellum é um local onde vendem produtos alimentares»). Este léxico, aliás, aduz várias citações de autores clássicos que provam que, ao contrário do que se lê em certas obras, no macellum se vendia todo o género de produtos alimentares, e não apenas carne. Mais informa que o macellum resultou da concentração, no mesmo local, de antigos mercados especializados na venda de carne (forum boarium), peixe (forum piscarium), hortaliças (forum olitorium), etc.
A verdade é que, em latim tardio, este vocábulo, ao que tudo indica, veio a designar preferencialmente o local onde se vendia carne ou se abatiam as reses, como se denota pelos derivados existentes nas línguas neolatinas, como em italiano (macello, «matadouro») e romeno (măcelar, «talhante», derivado de macellarius). Ainda em romeno, de măcelar provém o verbo măcelări («massacrar»), e deste, o substantivo măcel («massacre, carnificina»). Em espanhol subsiste o vocábulo macelo («matadouro»), mas é pouco usado, e o que se diz é matadero, vocábulo formado internamente a partir do verbo matar, tal como em português.
O aportuguesamento deste vocábulo latino, por isso mesmo, torna-se problemático, devido à derivação de sentido ao longo dos séculos, tal como sucede em relação a villa e castellum, por exemplo. Por isso mesmo, recomendo que, caso mercado de víveres se considere insuficiente ou inexpressivo, se utilize o termo latino em itálico: macellum, com o plural macella.