Através do estudo comparado das línguas – inicialmente Grego, Latim, Alemão e Sânscrito – foram assinaladas grandes semelhanças entre elas. Um aprofundamento destes estudos linguísticos provou que essas afinidades se estendiam a mais línguas, como o Inglês, o Eslavo, naturalmente as línguas latinas, só para referir alguns exemplos. A conclusão retirada foi a de que estas línguas teriam uma origem comum, o indo-europeu. Trata-se de uma língua hipotética, que terá sido falada pelos indo-europeus, povo que terá vivido na Europa Central e que, por volta do 5º milénio a. C., terá efectuado várias migrações, para Oriente (até à Índia), para Ocidente, para Sul (chegando às Penínsulas Itálica e Balcânica). A sua língua, de que não nos restam quaisquer vestígios, terá influenciado as línguas autóctones de tal maneira que as substituiu completamente. Deste modo, vamos encontrar nas diversas línguas de origem indo-europeia inúmeras semelhanças, tanto a nível vocabular, como na estrutura. Por exemplo, a palavra 'mãe', diz-se em Inglês 'mother', em Alemão 'Mutter', em Latim 'mater', em Grego 'mêtêr' e em Sânscrito 'matra', o que significa que todas estas formas só podem provir de uma mesma origem – o indo-europeu.
No campo estrutural verificamos que estas línguas se apresentam de uma forma idêntica: o Grego e o Latim têm certo tipo de construções gramaticais que não se expressam exactamente da mesma forma nas línguas latinas, como é o caso das orações infinitivas ou também das participiais, isto só para dar alguns exemplos. O Alemão, por seu turno, já apresenta orações infinitivas. O mesmo se passa com as declinações. Embora o número de casos seja diferente entre as várias línguas (o Latim tem seis casos, o Grego cinco, o alemão quatro), sabemos que o indo-europeu teria oito casos. Cada caso corresponde a uma, às vezes mais, função sintáctica. Essa correspondência entre os casos e as respectivas funções sintácticas é comum às várias línguas indo-europeias: o Nominativo é sempre o caso do sujeito e dos seus complementos; o Acusativo o do complemento directo, o Dativo o do complemento indirecto, o Genitivo o do complemento determinativo; além disso, os vários complementos circunstanciais agrupam-se entre os diversos casos (Acusativo, Dativo, Ablativo), tendo em conta que o Acusativo é um caso de movimento, enquanto o Dativo e o Ablativo são estáticos. Daí que certos complementos circunstanciais, como o lugar para onde, ou o tempo durante o qual, sejam expressos no acusativo, dado que implicam movimento, enquanto o lugar onde, ou o tempo em que, o são no Ablativo ou no Dativo, visto que a circunstância que exprimem não indica qualquer movimento.
Podemos, assim, concluir que as declinações do Russo e do Alemão não são consequência de uma influência do Latim, mas sim o resultado natural da sua origem indo-europeia.
Relativamente ao som africado, podemos ainda acrescentar que em ambas as línguas – Grego e Latim – se verifica a existência de uma consoante dupla ('x', no Latim e [csi] no Grego), que reproduz o som das duas consoantes, gutural e sibilante, juntas. Por vezes, no Latim, essa consoante dupla surge em palavras que foram importadas do Grego, e que, posteriormente transitaram para o Português, mas nem sempre. No caso dos vocábulos 'auxilium', 'dux', 'rex' ou 'lex' estamos claramente perante palavras latinas, que não sofreram qualquer tipo de influência do Grego.m