No poema «Antes do adeus», de Rosa Lobato Faria, interpretado no Festival da Canção de 1997 por Célia Lawson, o improviso poderá ser tanto a forma do presente do indicativo do verbo improvisar como o nome ou substantivo, dependendo da perspetiva do analista literário ou hermeneuta, podendo fundamentar-se as duas opções.
A análise literária é subjetiva, contudo condicionada pelos elementos contextuais e linguísticos presentes no texto. São estes indicadores que vão permitir fazer a interpretação da mensagem veiculada no texto.
A mensagem deste poema remete para a descrição do que se passava «antes do adeus». E o que ocorria era algo muito positivo, materializado pelo forte sentimento amoroso experimentado pelos apaixonados. Este clima de paixão é facilmente verificável no desenvolvimento de todo o poema. Existem dois períodos bem claros que estão definidos: antes e depois do adeus. A altura «antes do adeus» é idílica, sendo a posterior o desmoronamento deste sentimento tão forte [«O azul do céu deixou de ser verdade/Em cinzas morreu a magia da cidade»].
Logo na primeira estrofe, há o enumerar de várias situações [nomes/substantivos] «antes do adeus»: a aventura, a loucura, a ternura, as juras ao luar, a canção do mar, porque, na segunda estrofe: «As tuas trovas», lamentos ouviam-se em «toda a rua», «Na outra esquina do vento», «No outro lado da lua». Esta situação provoca o improviso [substantivo] no sorriso, o improviso das trovas e dos lamentos, mas também admite a ideia: eu improviso [verbo] no sorriso as trovas e os lamentos que existiam «antes do adeus».