A forma Araganças só ocorre nessa expressão, por um lado, em alusão ao antigo reino de Aragão (atualmente região autonómica espanhola) e, por outro, como deturpação do próprio nome Aragão, de modo a fazer rima com França.*
Orlando Neves regista a expressão como variante de «Franças e Aleganças» no seu Dicionário de Expressões Correntes (Lisboa, Diário de Notícias, 2000), observando:
«Inicialmente com raízes bem antigas, a expressão usou-se em "andar por Franças e Araganças", ou seja, andar por terras longínquas. Se França se entende como o país além-Pirenéus, já parece que Aragança está aqui como deturpação, para efeitos de rima, de Aragão. O uso no plural supõe-se ser também um recurso rítmico. "Andar por Franças e Araganças", em tempos em que eram frequentes as guerras entre os dois países, correspondia ao sentido de longas distâncias e paragens. Findas as guerras, foi a expressão perdendo o inicial propósito e mudou para "coisas e loisas, mundos e fundos, este mundo e o outro". Mas Aquilino, passando-o para o singular, ainda a escreveu com o sentido primitivo em Filhas da Babilónia: "Pergunte-me, antes, o que fui fazer ao meu país. Sabe o quê? Vender umas terras que herdei, espremer a teta da vaquinha, como diz um irmão que lá tenho. A expressão é ridícula, mas traduz com felicidade o meu património, malbaratado por França e Aragança, bem magro, bem português. Aí tem!"»
* Opto pelo uso de maiúsculas iniciais com esta expressão, embora não se me afigure obrigatório. A pluralização, associada ao jogo de linguagem de aragança, permite encarar os substantivos constitutivos da expressão como palavras sem uma referência específica.