Tenho verificado, de há uns anos para cá, que qualquer desdobrável ou folheto promocional é sistematicamente designado por panfleto. Verifico também que esse hábito está sobretudo implantado nas camadas mais jovens, abrangendo também jornalistas. Ora, sempre aprendi que um panfleto é um tipo especial de folheto. Como diz Augusto Moreno, no Dicionário Complementar da Língua Portuguesa, um panfleto é um «opúsculo ou folheto, em geral político, acerbo na crítica».
Tem razão na observação que faz. Panfleto é, de facto, um tipo de texto com características bem definidas: de natureza crítica, frequentemente satírico, irónico e polémico, tem como alvo alguém ou alguma coisa que se pretende especificamente denunciar ou defrontar. A propósito, na sua obra A Imprensa Periódica em Portugal, José Tengarrinha descreve este tipo de texto do seguinte modo: «Panfleto, relativamente aos outros [géneros textuais da imprensa periódica], é um texto mais longo, com maior frequência impresso e assumindo formas variadas (romances, cartas, colóquios, entremezes, etc.), por vezes como um pequeno livro ou folheto, não periódico. O seu estilo é, em geral, apaixonado e violento, apresenta visão parcial e pouco objectiva, visa o ataque social e, normalmente, pessoal.»
Tais características distinguem-no, pois, do folheto, desdobrável ou prospecto que tem como definição, no Dicionário Verbo de Língua Portuguesa, «impresso de pequeno porte, constituído, geralmente, por uma só folha com uma ou duas dobras, e que tem um conteúdo informativo ou publicitário.»
