Das três formas indicadas pelo consulente, só flexissegurança é a correcta. Pedimos um parecer ao nosso consultor F. V. Peixoto da Fonseca, que justifica a formação e a ortografia deste neologismo do seguinte modo: «Como se estabelece no Tratado de Ortografia de Rebelo Gonçalves, faz-se a soldagem dos elementos de um composto, quando se desvanece a noção de composto, por um deles não ter vida à parte (no caso em apreço, flexi-). E, obviamente, que terá de ser com dois “ss”, para manter a pronúncia do segundo elemento. Portanto: flexissegurança.» A par de flexissegurança, há uma nova forma que merece também comentário – estamos a referir-nos a “flexigurança”. Esta palavra surge como amálgama de flexibilidade e de segurança. Pedimos a opinião dos nossos consultores sobre a sua boa formação: – F. V. Peixoto da Fonseca considera que a constituição de flexigurança é completamente arbitrária, pelo que não deve ser usada. – Margarita Correia confirma que se trata de uma amálgama tão aceitável como flexissegurança. Lembra que as amálgamas são unidades lexicais que resultam da associação de partes de outras palavras (são exemplos credifone, de «crédito» e «telefone», e “setor”, de «senhor/a doutor/a»). – D’Silvas Filho tem a seguinte opinião: «É facto que na pronúncia a palavra *flexigurança dá simultaneamente a ideia de flexibilidade e de segurança (fle-ksi-gurança). Só que lhe faço as seguintes objecções: *Ksigurança é uma pronúncia errada na consoante e na vogal. Se pronunciada ainda dá uma ideia do conjunto, escrita afasta-se muito, pois o x e o i desfiguram-na, desorientando o leitor da nossa língua. A haplologia não é muito natural, pois o som de ksi é dissemelhante de se. O significado do termo traduz a simultaneidade dos conceitos de flexibilidade e de segurança. Então pode ser composto com o antepositivo flex- (curvar, dobrar, etc.), mais a vogal de ligação i, com a palavra segurança. Ora os constituintes formam um composto morfológico (vogal de ligação) e, portanto, deverão unir-se *flexi-segurança (como luso-descendentes). No entanto, o novo acordo recomenda a fusão neste caso, com duplicação do s, o que faço sempre em palavras novas; por outro lado, já temos, por exemplo, fungicida, termossifão. Em resumo, a palavra correcta no meu ponto de vista é flexissegurança. Pode ser que a comunidade venha a adoptar *flexigurança. Por agora, recuso-me a aceitar o empréstimo.» Em suma, há actualmente duas palavras para designar um novo modelo de protecção social, criado na Dinamarca. Uma é um composto formado por flex-, uma vogal de ligação (-i) e a palavra segurança, o qual se deve escrever flexissegurança. Com menos consenso, existe outra palavra que é uma amálgama de algumas sílabas de flexibilidade e segurança e cuja grafia deverá ser “flexigurança”.