As estrofes apresentadas pertencem à letra de uma canção de Pedro Abrunhosa, músico português. A resposta que se segue não é definitiva nem está completa; sugere apenas uma uma pequena lista de exemplos retirados dos versos em análise, a qual poderá ser completada pelo próprio consulente à medida que se sinta mais à vontade com a análise estilística de um texto:
Figuras de construção (ou de sintaxe)
anáfora (repetição da mesma palavra no início do verso ou da frase): «em portos distantes/em bares escondidos/em sonhos gigantes» (repetição da preposição em)
Figuras de pensamento
antítese (aproximação de duas realidades, tornando-as mais enfáticas): «homens negavam/ o que outros erguiam» («negavam» vs. «erguiam»)
hipérbole (expressão que deforma a realidade por exagero): «E eu via que o céu/ me nascia dos dedos/ E a Ursa Maior/ eram ferros acesos» (ver também mais abaixo em metáfora).
Figuras de natureza semântica
metáfora (substituição de um termo por outro ou identificação de um com o outro por se considerar que são equivalentes): «a Ursa Maior/ eram ferros acesos» (ver acima hipérbole); «Marinheiros perdidos/em portos distantes» («marinheiros» = gente que se aventura; «portos» = lugares); «Eu bebia da vida/ em goles pequenos» («beber ... em goles» = viver, experimentar); «o caminho se faz
entre o alvo e a seta» («alvo» = o que se deseja; «seta» = perigo).
metonímia (um termo substitui outro porque há entre eles uma relação de proximidade ou contiguidade): «Tropeçava no riso/ abraçava venenos» («riso» = pessoas sarcásticas; «venenos» = pessoas perigosas como serpentes — está também aqui implícita uma comparação ou uma metáfora).
Agradecemos F. V. P. da Fonseca as indicações facultadas para a elaboração desta resposta.
Fontes: João David Pinto Correia, "A expressividade na fala e na escrita", in Falar Melhor, Escrever Melhor, Lisboa, Selcções do Reader's Digest, 1991, págs. 433-505.