Na frase em questão não estamos perante um verbo reflexo, mas sim perante um pronome átono (-las) que está a substituir um complemento directo. Sucede que entre «estudá-las» e «estuda-las» existe uma alternância vocálica para marcar a diferença entre o presente do modo indicativo (estuda) e a forma infinitiva do verbo (estudar), à semelhança do que acontece com outros verbos que apresentam alternâncias vocálicas para marcar a diferença entre o presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo. A alternância vocálica é marcada graficamente com o acento. Veja-se os seguintes exemplos:
(i) gostamos/gostámos
(ii) estudamos/estudámos
Além disso, para além da diferença na vogal entre as duas formas do verbo, existe também uma diferença de acento: «estudá(-las)» é uma palavra aguda (oxítona), ao passo que «estuda(-las)» é uma palavra grave (paroxítona).
Ora, nas frases em causa é necessário marcar a diferença vocálica e acentual porque o complemento directo está pronominalizado e, como tal, ao fazer-se a contracção do verbo com o pronome, apaga-se a marca de infinitivo e de indicativo. Se o complemento directo não for pronominalizado, não é necessário marcar esta diferença, pois a terminação do verbo indica-a.
Posto isto, a forma correcta da frase neste contexto é: «Porquê estudá-las se já são conhecidas?» O advérbio «porquê» parece não aceitar formas finitas dos verbos, mas apenas grupos nominais ou o infinitivo, que é uma forma nominal do verbo. Tome-se os seguintes exemplos:
(i) *«Porquê estuda-las se já são conhecidas?»
(ii) *«Porquê falas sobre isso?»
As frases acima estão construídas com o presente do indicativo, o que as torna agramaticais. Mas se colocarmos o verbo no infinitivo, as frases tornam-se gramaticais:
(i) «Porquê estudá-las se já são conhecidas?»
(ii) «Porquê falar sobre isso?»
Sempre ao seu dispor.